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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Roger Waters, o Pink Floyd e o capitalismo



O porco, pós-1977: metáfora da acumulação capitalista
George Roger Waters nasceu em 1943, filho de pais socialistas, defensores da classe operária inglesa. A perda do pai, morto em combate na Itália, em 44, deixou profundas marcas na personalidade de Waters, que nunca chegou a conhecê-lo, mas que dedicou muitas de suas canções à discussão sobre morte prematura e violência. No entanto, este não é o foco desta postagem.

Seguindo a temática proposta neste blog, trago à discussão a relação entre a influência de Waters no Pink Floyd e suas críticas ao sistema capitalista, de forma direta e indireta.

Roger Waters esteve à sombra de Syd Barrett até 1968, ano em que o vocalista e guitarrista foi praticamente escurraçado da banda, por transtornos mentais causados principalmente pelo consumo de drogas. Com a ausência de Syd (posteriormente homenageado em belíssimas canções como "Brain Damage", "Shine On You Crazy Diamond" e "Wish You Were Here"), assumiu cada vez mais espaço como líder da banda e suas letras, geralmente contundentes, passaram a se tornar referências da banda, junto com a guitarra blues de David Gilmour e as melodias do guitarrista e de Richard Wright, tecladista do grupo.

Waters intensificou suas críticas ao capitalismo em letras politizadas especialmente a partir de The Dark Side of the Moon, de 1973, considerado um dos mais aclamados discos da história do rock. Letras que vão da poluição ao estresse, também falando de outras angústias humanas que por tantas vezes se confundem com crises do sistema. 1973 também foi o ano de explosão da primeira crise do liberalismo, vale lembrar.

Em 1975, as letras do baixista e ocasional cantor em Wish You Were Here vêm com pesadas críticas à indústria fonográfica (que causariam certo orgulho em Frankfurt), em "Welcome to the Machine" e "Have a Cigar".

No entanto, o principal foco do post está em Animals, de 1977. Um pesadíssimo disco, de somente 5 faixas (onde duas, "Pigs on the Wing", são pequenas serenatas de 1:30 cada), baseado em A Revolução dos Bichos, livro de George Orwell. Curiosamente, a obra de Orwell contém críticas a certas formas de socialismo. Waters se inspira e produz canções, junto com os magistrais solos de Gilmour, criticando mortalmente a lógica empresarial ("Dogs"), figuras populares no poder ("Pigs [Three Different Ones]") e a passividade humana diante das injustiças ("Sheep").

Graças ao ego de Waters, o desgaste entre os membros se intensificou e após sua saída, em 1984 (tendo produzido antes o épico The Wall e o crítico do início neoliberal The Final Cut), entrou em rota de colisão com Gilmour e Wright.

Produziu outras obras políticas, como o EP To Kill the Child/Leaving Beirut, de 2004, que questiona o consumismo e a violência imperialista no Oriente Médio. Waters mostrou-se um severo crítico das "barreiras", como os Muros de Berlim e Jerusalém, além das intervenções norteamericanas. O inglês afirma enfaticamente que perdeu muito de seu socialismo ao enriquecer, mas que jamais deixou de se dedicar à promoção de mais igualdade no mundo. Retomou a amizade com Gilmour em 2005, quando tocaram juntos no Live 8. O evento, organizado por Bob Geldof (justamente o protagonista da versão cinematográfica de The Wall), teve como meta o apoio da música contra a pobreza na África.

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